23 abril 2010
19 abril 2010
16 abril 2010
"vamos beber café, ou tens entrega?"
Em arquitectura é habitual termos entregas (de painéis com a evolução do projecto e de maquetes de estudo) quase todas as semanas, pode parecer exagerado mas é fundamental para que se possa detectar erros (dizem quem quem está de fora do projecto os vê melhor) trabalhar sobre eles e avançar. Parece tudo óptimo, o problema é que são coisas que demoram a fazer. Um processo criativo não tem horas e quanto mais complexo for a ideia mais complexa é a maquete e o painel, e as chamadas caixas brancas modernas (as casa de hoje) ainda são mais complicadas, ou está direito e simétrico e branquinho ou então o resultado é uma verdadeira porcaria... No meio desta cola toda e trabalho fico sem saber o que fazer ou como organizar o meu tempo, trabalho a noite, durmo durante o dia, ou nem durmo a noite nem durante o dia, e o trabalho fica na mesma, ou chega a acontecer depois de dias intensivos a trabalhar ter que voltar ao inicio, destruir a maquete (se o professor não destruir por nós), destruir o painel, afastar-nos da ideia que nos consumiu durante dias a fio... Torna-se frustrante e cansativo, consome-nos ao ponto de ficar-mos pelos cabelos e por-mos o nosso namorado (de gestão) a fazer maquetes 2h antes da entrega! Mas é masoquismo, só pode, porque quando vemos o resultado final ficamos orgulhosos, felizes e com vontade de fazer mais. É bom, mas é pessoal mais que tudo a minha relação com a arquitectura é como uma paixão ao velho estilo "quanto mais me bates mais gosto de ti". Há 5 anos entrei em arquitectura com a média precisa e toda a certeza do mundo, nos primeiros anos levei-me a extremos que não sabia que tinha, desde não dormir noites seguidas, a ter uma exaustão, a chorar por não conseguir por não ter ideias, a ir para o hospital as 3h da manhã com um x-acto no pulso, e sobretudo a ter muito orgulho em mim e no meu trabalho. Bolas sou boa nisto e tenho gosto em faze-lo! Mas como num jogo, o nível aumenta ao longo do tempo e de que maneira! As cadeiras são 8 ou 9 anuais (metade delas não servem para nada mas chateiam) e só se passa com 12 e na principal com 14, combinadas com maquetes e uma dúzia de painéis por entrega, o tempo aperta, e aborrecemos aqueles que querem estar conosco e para os quais não temos tempo. Não temos tempo para nós, e pintar as unhas é tempo perdido... uma camadinha de cola é sempre mais prático. Agora que estou no fim deste percurso não sei se quero ser arquitecta para o resto da vida, se quero isto para mim, a relação com ela não mudou, o que mudou foi a força de a encarar e a ainda falta a tese.
14 abril 2010
06 abril 2010
a propósito da páscoa...
A páscoa por estes lados costuma ser passada em família na terrinha da mãe (muito perto de Castelo Branco) mas tal como todos os eventos familiares é passada a servir cafés no café dos meus avós, cada elemento da família almoça ou janta sozinho para poder ajudar a seguir. É diferente, muitos podem achar estranho ou até que nos desligamos uns dos outros, mas curiosamente não. Sempre foi assim, pelo menos desde que me lembro, nunca se fecha a porta do café, nem na véspera de natal (vamos à vez abrir os presentes!) O café que não é pequeno (duas salas que dão para 80 pessoas sentadas, e que ainda têm 2 mesas de bilhar, 1 snoccer e matrecos) enche até rebentar pelas costuras, é o único na aldeia e alberga todas as famílias e amigos, desde o pessoal mais jovem até aos mais velhos, sem excluir as famílias que vêm de fora só para a festa, tal como eu, as pessoas vestem-se e aprontam-se para a hora de ir ao café, e por lá ficam até altas horas da noite na conversa a partilhar as amêndoas no caso da páscoa ou outros doces. eu pessoalmente já gostei mais, hoje em dia ajudo mais do que desfruto, mas acredito que para muitas daquelas famílias mais do que um ponto de encontro é uma forma de estar vivo, como exemplo tenho os meus bisavós que não passam sem a cerveja média depois do almoço, sempre na mesma mesa e sempre pela garrafa.
Subscrever:
Mensagens (Atom)